Eu morri
na madrugada do dia 26 de agosto. Era uma noite estranhamente fria
para o clima nordestino e sombria para quem esperava viver
eternamente. Eu morri, não de causas naturais, morri aos pouquinhos
e dolorosamente, morri observando a vida que escorria de mim.
Confesso que até agora está tudo anestesiado em meu corpo e mesmo
morta às lágrimas escorrem quase que ininterruptamente dos meus
olhos e a dor ainda pulsa em cada veia, em cada pensar. Arrancaram
bruscamente o meu coração e as minhas esperanças, eu que estava
disposta a viver o para sempre com alguém que não foi pra sempre,
acho que ninguém é. Eu sei quem me matou, eu sei porque me entreguei do jeito
mais louco e completo e o meu assassino foi tão essencial que só de lembrar, tenho o coração arrancado
e pisoteado e chutado ... Eu morri e continuo morrendo a cada amanhecer e espero que com o passar dos dias
morrer seja menos doloroso. Espero morrer e morrer e morrer para que sabe um dia voltar a vida novamente.