30 outubro, 2010

Calor

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- O suor escorre pelo corpo quente. A boca seca, implora por algum liquido que possa saciar-lhe a sede. Naquele momento as roupas molhadas pelo suor excessivo tornavam-se armaduras pesadas, debaixo de um sol de mais de 40 graus até mesmo a pele incomoda. A água do chuveiro que deveria refrescar-lhe um pouco parece se render a elevada temperatura, cai tão quente como se estivesse saíndo de uma chaleira.  Secar-se de nada adianta, em poucos minutos estará molhada de suor novamente. Dormir, comer, andar, sentar tudo se torna extremamente incomodo, até mesmo o enorme ventilador baforeia vento quente. 

A baixa umidade provoca-lhe sensações adversas. O calor que sente neste momento vem de dentro, vem do imenso desejo de saciar-se, de explorar-se, de sentir-se. Incomodada pelo fato de nada esfriar-lhe, joga-se no chão branco da varanda. Observando as crianças brincando na rua, o horizonte que parece desmanchar-se a sua frente, o céu azul sem nuvens. Deitada ali observa tudo em slow motion, a vida passa devagar queimando ao sol como tudo ao seu redor.

24 outubro, 2010

Baú!

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Guardo no baú, lembranças destes anos de vida. Guardo as primeiras palavras, os primeiros dentes, os primeiros passos. Neste baú guardo os primeiros parabéns, os primeiros pedaços de bolo, as primeiras amizades. No mesmo baú se encontram pessoas que não vi mais, a primeira bicicleta, os amores platônicos, as primeiras crises. Guardo também no baú em uma parte submersa, as tristezas e decepções ocorridas nestes anos de vida. Guardo-os juntos de cada conquista, de cada queda e de cada recomeço. Tudo de mim está neste baú.

Vinte e Um anos de vida, de projetos, de sonhos. O primeiro choro, os primeiros medos. As expectativas frustradas, as conquistas suadas. Guardo neste baú os parentes vivos e as lembranças dos que já se foram. As fotografias tiradas após inúmeras tentativas e também as tiradas espontâneamente. Guardo naquele velho e empoeirado baú um pouco de mim, muito dos outros. Pois são estes momentos e pessoas que me faz ser o que sou, são eles que me proporcionam material para guardar dentro e fora do baú.

Texto Isabella Mensant!

10 outubro, 2010

Tempo


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O tempo passa entre as corrediças de madeira, entre o amarelado das fotos, entre as lembranças daqueles momentos bons. O que ficou foi à saudade, o sentimento que por incrível que pareça continua o mesmo, entre lençóis molhados de suor, entre os carinhos que permanecem irresistivelmente os mesmos, com mais intensidade é claro, depois de anos sem se verem. Os olhos que desta vez sussurram as verdades escondidas, as bocas que em uma interminável discussão falam todas as verdades antes transformadas em mentiras, tudo o que tinha ficado para trás, voltou. No mesmo redemoinho de sentimentos dispersos, nos mesmos corpos seduzidos, nas mesmas sensações vividas antes de acabar. E hoje com tudo o que foi dito, será difícil não lembrar. As verdades que sempre sonhara ouvir, todas ali em sua frente e mesmo assim o sentimento não se desfaz, só cresce e se mostra e novamente machuca. Agora não são apenas dois, são quatro, são outros que entraram e dividiram aquela historia antes acabada. Não são mais apenas seus, são de outros, são de ninguém... Mas o que é possível fazer? Sufocar o desejo tão ardente? Arrancar do peito e da memória algo tão grande, algo tão bom? Já sufocaram demais aquela sensação, deixaram-se levar pensando que tinham em suas mãos o controle da situação. Mas não tinham, não tem, não terão. Nunca!

Texto: Isabella Mensant!

01 outubro, 2010

Compact Disc


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Hoje respirei fundo e pus para tocar aquele CD antigo que você fez pra mim, foi difícil. A cada música que tocava eu lembrava de você, de nos dois juntos. As lembranças saltavam de meus olhos, escorriam por minha face e deixavam um gosto salgado na minha boca, misturando-se as lágrimas que também caiam. Na primeira música pensei em desligar, quebrar o CD e tocar a minha vida adiante, sem aquelas lembranças de você. Ainda dói pensar que não demos certo. Por algum motivo eu ainda espero que nossos caminhos se cruzem algum dia e que eu novamente ouça aquele CD junto a ti. Dizem que a esperança é assim mesmo, nunca morre, mas a minha, confesso, está em fase terminal.

A faixa número seis foi como um vaso se estilhaçando ao chão. A dor insuportável que pensei ter ido embora estava lá embaixo se misturando aos cacos. Gostaria de algum dia ouvir este CD e não chorar, nem lembrar, nem sentir... Ouvi-lo como outro qualquer, cantando enquanto faço faxina em casa, sei lá! Mas, sei que este CD nunca será como os outros, ele foi seu, assim como eu fui um dia. Nele, estão nossas músicas, lembranças de um tempo que ficou para trás. Naquele maldito CD, eu consigo te ter novamente, olhar pra você enquanto me beija, sentir o aconchego dos braços que me cercavam, consigo sentir seu perfume, ouvir sua voz. Faço tudo isso com nossa trilha sonora, escolhida a dedo por você. Mas, assim como nós, o CD também chegou ao fim. Retiro-o com cuidado do som, olho-o por um segundo, sua letra está nele, meu nome está nele. Não jogarei fora, não quero que outros ouçam o CD que você fez pra mim. Guardo-o em um lugar calmo e aconchegante, assim como as lembranças de você. Guardo o CD com esperanças de que da próxima vez que ouvi-lo, tudo esteja diferente, principalmente eu!


Texto Isabella Mensant