09 junho, 2010

Meio - Fio


 


- Sentou-se após o fim, recordando o começo. Por que chegara a tal ponto? Porque envolveu-se em pequenas e desmedidas cenas de um amor somítico? Olhava ao seu redor e via a vida de outras pessoas passando pela rua, olhava e não via um sentimento igual ao seu. Empalidecida pelo crepúsculo que chegava e pela falta de esperanças naquela sofrida existência, que lhe doía a alma como quem quebra um osso, chorou. Não um choro que expurgasse todos os indesejáveis sentimentos de dentro de si, mas um choro que a fizesse se lembrar sem dor. Sentimentos bons ou ruins, alegres ou dolorosos enfim, sempre os teria é da natureza humana sentir. Sentada ali, percebia que o tempo poderia até melhorar as coisas, mas apagar acreditava ser demais. Não era do tipo que sentava no meio-fio da rua, chorando. Mas há muito tempo desconhecia-se. O sentimento que aos poucos foi tomando conta de sua razão a deixava fraca e submissa. Com os olhos mergulhados em lágrimas coloridas, levantou-se e decidiu partir, deixando pra trás aquele meio-fio, que calado presenciou o mais intimo de seus momentos.
Texto: Isabella Mensant

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