Nos incontáveis jeitos de se divertir, Aurélia se sobresaia sempre de todas as outras garotas de sua idade. Subia nos galhos de árvores mais altos, jogava bola como nenhum garoto o fazia, odiava suas bonecas perfeitas, de cabelos loiros perfeitos, de peitos duros e empinado, de altura desproporcional às mulheres que via nas ruas. NÃO! Definitivamente não era aquilo que queria no auge dos seus 10 anos de idade. Queria ser livre para conhecer outras culturas, queria fazer planos sem precisar consultar o marido (como sempre o fez sua mãe), aliás não se casaria como todas as outras moças. Pra quê? Questionava ela. - Uma moça tem que se casar, ter filhos. Não há nada mais gratificante que cuidar do marido e da casa !_ respondia-lhe sua mãe.
Aos 15 anos apaixonou-se pela primeira vez. E decidiu que abriria uma exceção.CASARIA, mas só se fosse com Heitor. Este que semana seguinte lhe dizera que gostava de meninos, que não queria nunca casar-se com uma menina feia como Aurélia, que não sabia nem como usar uma saia. DESAPONTOU-se, pobre Aurélia. Jurou que nunca olharia novamente para um rapaz. Assim o fez até que aos 18 anos viu Lucas, -Ah! o Lucas!!! - derretia-se. O pai de Lucas era o mais novo morador da rua, e as meninas já se mostravam prontas para uma guerra rumo aos olhos do herdeiro. Ele parecia não se importar, queria mesmo era saber de meninos. - De novo não! Aborreceu-se Aurélia. - Desculpe mais o que posso fazer se seu irmão é um gato ? - sussurrava.
Ao passar dos anos Aurélia ficava menos interessada em homens. Os que ela gostava, gostava de meninos. Sempre meninos. Ela então começou a questionar-se o que há de errado com as meninas? São todas tão lindas, sempre arrumadas, sorridentes... Começou então a olhar as mulheres com outros olhares. Estava curiosa para ver o que acontecia aos homens para preferir meninos à meninas. E foi neste olhar mais aprofundado que conheceu Lívia. Lívia disse a ela que nunca achou graça em meninos, que eles eram sujos e insuportáveis. - Prefiro meninas - revelou Lívia. e Aurélia que já não mais questionava respondeu-lhe - EU TAMBÈM!!!
Texto Isabella Mensant