30 agosto, 2010

Vida de Aúrelia!

Nos incontáveis jeitos de se divertir, Aurélia se sobresaia sempre de todas as outras garotas de sua idade. Subia nos galhos de árvores mais altos, jogava bola como nenhum garoto o fazia, odiava suas bonecas perfeitas, de cabelos loiros perfeitos, de peitos duros e empinado, de altura desproporcional às mulheres que via nas ruas. NÃO! Definitivamente não era aquilo que queria no auge dos seus 10 anos de idade. Queria ser livre para conhecer outras culturas, queria fazer planos sem precisar consultar o marido (como sempre o fez sua mãe), aliás não se casaria como todas as outras moças. Pra quê? Questionava ela. - Uma moça tem que se casar, ter filhos. Não há nada mais gratificante que cuidar do marido e da casa !_ respondia-lhe sua mãe.


Aos 15 anos apaixonou-se pela primeira vez. E decidiu que abriria uma exceção.CASARIA, mas só se fosse com Heitor. Este que semana seguinte lhe dizera que gostava de meninos, que não queria nunca casar-se com uma menina feia como Aurélia, que não sabia nem como usar uma saia. DESAPONTOU-se, pobre Aurélia. Jurou que nunca olharia novamente para um rapaz. Assim o fez até que aos 18 anos viu Lucas, -Ah! o Lucas!!! - derretia-se. O pai de Lucas era o mais novo morador da rua, e as meninas já se mostravam prontas para uma guerra rumo aos olhos do herdeiro. Ele parecia não se importar, queria mesmo era saber de meninos. - De novo não! Aborreceu-se Aurélia. - Desculpe mais o que posso fazer se seu irmão é um gato ? - sussurrava.

Ao passar dos anos Aurélia ficava menos interessada em homens. Os que ela gostava, gostava de meninos. Sempre meninos. Ela então começou a questionar-se o que há de errado com as meninas? São todas tão lindas, sempre arrumadas, sorridentes... Começou então a olhar as mulheres com outros olhares. Estava curiosa para ver o que acontecia aos homens para preferir meninos à meninas. E foi neste olhar mais aprofundado que conheceu Lívia. Lívia disse a ela que nunca achou graça em meninos, que eles eram sujos e insuportáveis. - Prefiro meninas - revelou Lívia. e Aurélia que já não mais questionava respondeu-lhe - EU TAMBÈM!!!


Texto Isabella Mensant

17 agosto, 2010

LIBERDADE


- As horas passavam tão lentamente que até a vontade de morrer se disipava. Olhava aquela casa onde vivera todas as alegrias de uma mentira. Cortava-lhe o coração imaginar que nunca mais se veria ali. Criara os cinco filhos naquele minusculo espaço. Sofrera a cada traição de seu amado, pensou infinitas vezes em deixa-lo, mas o que fazer? Os meninos precisavam do pai, que mesmo ausente ainda fazia de sua presença uma imposição calorosa aos filhos. Tentava agora não mais lembrar de nada, pois se o fizesse não mais se libertaria. LIBERDADE. Palavra que até aquele momento não tinha sentido nenhum em sua vida. Sempre estivera presa, desde que era menina, quando morava com o pai. A mãe deixou aquela vida por causa de outro homem, o pai tornara-se amargo e rancoroso. 

- Tu é a cara daquela vagabunda. Se pudesse lhe matava só pra não lembrar daquele traste! - Exclamava dezenas de vezes ao dia.

Mas ao cair da noite, todos os dias desde que sua mãe partiu, seu pai  adentrava  o velho quarto e a acariciava em sua cama, chamando o nome da mãe, lhe tirava a roupa e satisfazia o desejo animal. Batia-lhe na face, descontando sua ira e sua paixão. Quando terminava, xingando-a como a uma prostituta barata que não conclui o serviço, botava-lhe para o alpendre, onde dormia recostada no calor do fogão de lenha. Vivera assim até os 16 anos, quando decidiu ir embora no mundo. Antes  mesmo de chegar a rodoviaria da pequena cidade, conheceu Chico, que dando-lhe a atenção e carinho, coisa que nunca teve em sua vida, conquistou seu amor. Desistiu então de ir embora, ficou com Chico. Na pequenina casa, sua vida continuava, seu sofrimento continuava. Logo na primeira semana, chegando em casa embriagado Chico surrou-lhe até dormir. O que em seu estado não demorou muito, mas doeu. Acostumou-se  então a acreditar que o amor doía. Aos 17  anos teve seu primeiro filho. Aos 17 e dez meses teve o segundo. Aos 20 já era mãe de três meninos e duas meninas [...] Mas o tempo agora seria outro, decidiu ao encontrar Chico com as meninas nuas no quarto.

- Minhas filhas não terão a mesma vida que eu. - Gritava aos prantos pela casa. Chico, nada disse apenas levantou as calças e partiu para o bar.

As 19 horas do dia 07 de Abril. Conseguia finalmente a liberdade. Aos 22 anos, sem nenhum dinheiro e com cinco filhos, PARTIU.


Texto: Isabella Mensant!


08 agosto, 2010

.Amanda



O sino da campainha soava estrondosamente, a impaciência tornou-se visível após o décimo toque. Atrás da porta de madeira descascada os raios de sol invadiam o velho apartamento. As roupas esparramadas denunciavam tudo o que aconteceu na madrugada. A taça de vinho quebrada ao chão, era uma pobre vitima da selvageria do momento. Após inúmeras tentativas, a campainha silenciou. Quem tocava não mais voltou naquela semana.  Os dias passaram então e ninguém se dera conta da ausência de Amanda. Após 2 semanas, a campainha gritou novamente. Desta vez o desespero e a impaciência ecoou no primeiro tintinar, após meia hora a porta se abriu. Os passos apressados pelo assoalho empoeirado, investigava cada pedacinho da casa a procura de alguém. Ao abrir a porta do quarto, a surpresa ...     

Um travesseiro repousava por entre as pernas de Amanda, deitada de lado, completamente nua e despida de qualquer pudor. Sem respiração, sem pulso, sem calor. Encontrava-se em companhia apenas dos travesseiros, de uma caixa de remédios vazia e  um bilhete rabiscado ...


- Minha doce amiga. Queria te dizer tanto, mas não encontro palavras.
Me caso hoje as 20 horas. Não me procure mais...

No verso do bilhete a despedida daquela tórrida relação

- Meu amor, seja feliz! Te dou a certeza que nunca mais me verás.
Te amo tanto que sem você minha vida não faz o mínimo sentido. Não se preocupe, amarei você até o fim. Até o FIM!


Texto:Isabella Mensant!