- Tu é a cara daquela vagabunda. Se pudesse lhe matava só pra não lembrar daquele traste! - Exclamava dezenas de vezes ao dia.
Mas ao cair da noite, todos os dias desde que sua mãe partiu, seu pai adentrava o velho quarto e a acariciava em sua cama, chamando o nome da mãe, lhe tirava a roupa e satisfazia o desejo animal. Batia-lhe na face, descontando sua ira e sua paixão. Quando terminava, xingando-a como a uma prostituta barata que não conclui o serviço, botava-lhe para o alpendre, onde dormia recostada no calor do fogão de lenha. Vivera assim até os 16 anos, quando decidiu ir embora no mundo. Antes mesmo de chegar a rodoviaria da pequena cidade, conheceu Chico, que dando-lhe a atenção e carinho, coisa que nunca teve em sua vida, conquistou seu amor. Desistiu então de ir embora, ficou com Chico. Na pequenina casa, sua vida continuava, seu sofrimento continuava. Logo na primeira semana, chegando em casa embriagado Chico surrou-lhe até dormir. O que em seu estado não demorou muito, mas doeu. Acostumou-se então a acreditar que o amor doía. Aos 17 anos teve seu primeiro filho. Aos 17 e dez meses teve o segundo. Aos 20 já era mãe de três meninos e duas meninas [...] Mas o tempo agora seria outro, decidiu ao encontrar Chico com as meninas nuas no quarto.
- Minhas filhas não terão a mesma vida que eu. - Gritava aos prantos pela casa. Chico, nada disse apenas levantou as calças e partiu para o bar.
As 19 horas do dia 07 de Abril. Conseguia finalmente a liberdade. Aos 22 anos, sem nenhum dinheiro e com cinco filhos, PARTIU.
Texto: Isabella Mensant!
Nenhum comentário:
Postar um comentário